sábado, 25 de abril de 2009


Recém-nascida


Pois não... Esperança é um pouco de fé. Acho que as duas se completam, sabe? Esperança é um jeito de não deixar a fé morrer. Quando a gente olha pra um lado, olha pro outro e não vê saída, não se encontra. É preciso ter que algo vai dar certo, e é preciso esperar também! É preciso esperar pela chance de correr atrás do que se quer, pela chance de ter fé.

"E em terra de cego, quem enxerga está só. É isso que vc sente, a solidão da compreensão do mundo."*

É exatamente isso! E eu sei muito bem onde está a ferida. E sei também que ideologias demais, críticas demais, enxergar demais e sonhar demais não faz de nós heróis e nem mocinhos com finais felizes. Muitos já desistiram da luta, e muitos outros morreram por não suportá-la. Acho que todo mundo que pensa que enxerga demais, que vê as coisas como elas são, acaba sofrendo demais também. É o preço que se paga. E o preço que se paga às vezes é alto demais!

Isso me lembra alguém com quem me identifico sem conhecer, Renato Russo. Música pra adolescente em crise? Sim! Mas eu ainda sou uma adolescente em crise!

Ainda sou uma adolescente com ideais, com sonhos de fazer mais, de ser mais, uma adolescente que quer mais do mundo. Aquela que ainda pensa que é possível mudar o mundo.

Renato Russo era um personagem, do Renato Manfredini que escrevia, em cada letra, sua revolta com o mundo, sua pressa de viver, sua angústia de sempre...
estar só!

Estar só no âmbito de ver as coisas de um jeito que ninguém mais vê. E, portanto, de não alcançar a compreensão das pessoas ou o respeito por seus ideais e valores. Estar só porque quando se quer chorar, não se sabe quem estaria disposto a te abraçar e dizer que tudo ficará bem. Não se sabe quem ou se alguém se importaria de fato.

É tudo que corrói e que queima por dentro. "A paixão dos suicidas"! A obrigação de seguir as normas e os padrões hipócritas e a impossibilidade de ser livre!

Livre...!

E quando falo em ser livre, não falo da utopia de fazer o que quiser. Mas falo de ser livre para pensar e ser o que quiser.

"Liberdade é escolher os próprios grilhões."

Não me lembro quem foi que disse, mas certamente ele alcançou cada noite insone e cada dissertação revoltada sobre a dor de não se adaptar.

"Mas o choro também é sinal de vida, de desejo de viver, de agir pela própria vida. De revolta pela impossibilidade de retornarmos à quietude."*

E eu estou viva!!!
E ainda irei chorar muitas vezes e morrer de ódio e de amor por toda a minha vida.
E irei escutar muitos conselhos e seguir quase nenhum deles.

Porque
EU... ESTOU... VIVA!!!
E nada, nem ninguém, pode comandar a MINHA direção!

Estou aprendendo a respirar com calma e a andar com
cuidado.
Cada primeiro passo, um de cada vez.


Recém-nascida...
Choro. Mas não pretendo retornar à proteção perfeita e
ideal.
Choro aflita para que me tirem das grades do berço e me deixem caminhar meus primeiros longos passos.

E repito pra mim mesma:

Sonhe!
E "Respire! Respire pelo menos 2 vezes por minuto! Mantenha-se viva."*
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“(…)
Slow down, you're doing fine.
You can't be everything you wanna be before your time,
Although it's so romantic on the borderline tonight.
Too bad, but it's the life you lead.
You're so ahead of yourself that you forgot what you need.
Though you can see when you're wrong,
You know, you can't always see when you're right.

You've got your passion. You've got your pride,
But don't you know that only fools are satisfied?
Dream on, but don't imagine they'll all come true.
When will you realize Vienna waits for you?
(…)”
(Billy Joel - Vienna)
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Obs.: Esse texto foi inspirado e escrito em resposta ao comentário de Rodrigo Vieira em “A própria cegueira”. As citações em * correspondem às frases escritas por ele.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Espera



Eu preciso encontrar um jeito de ficar em paz nessa casa, se cada coisa aqui me desestrutura. Minhas impossibilidades já são peso o bastante, não posso deixar que tal sistema me derrube ao chão.

Eu preciso encontrar uma forma de respirar, de parar o tempo, de entrar em contato comigo mesma... Uma forma de não esquecer quem sou!

Preciso de uma forma de canalizar as forças, não desperdiçar energias em brigas vãs. Preciso de uma forma de esperar...

Esperar que a vela se apague, que o incenso se queime, que o barulho se acabe. Esperar que os braços relaxem, que a coluna doa, que os olhos se fechem. Esperar que as palavras sumam, que o pensamento se acalme, que o coração siga o ritmo. Esperar que as palavras ressurjam, que a ira desista, que a esperança reapareça. Esperar pelo talento, esperar algum alento, esperar pelo tempo. Esperar que a noite chegue e vá embora. Esperar sair porta afora. Esperar pela luta, esperar pelo cansaço, esperar pelo sono. Esperar pelo alívio, esperar pelo perdão, esperar a volta pra casa. Esperar a poesia, esperar pelo sonho, esperar pela vida. Esperar a mudança, esperar a compreensão, esperar o compasso. Esperar as vitórias, esperar pela calma, esperar a chegada. Esperar pela própria alma, pela chance de TER alma, pelo direito de SER alma. Esperar que se possa escolher, que se possa fazer, que se possa viver. Esperar pela resposta, pela pergunta, pela conversa. Esperar...

Eu preciso apenas encontrar uma forma de ficar... em paz... quando nada mais me interessa.

Esperar pela hora de recomeçar!


(Laís Mendes, 06 de abril de 2009)
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"Slow down, you crazy child. You're so ambitious for a juvenile.

But then if you're so smart, tell me why are you still soafraid?

Where's the fire? What's the hurry about? You better cool it off before you burn it out.

You got so much to do and only so many hours in a day."

(Billy Joel - Vienna)