quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Depois da tempestade a calmaria...

Hoje eu irei postar um texto grande, só pra variar um pouquinho! rs
Não tenho a esperança de que muitas pessoas leiam, mas, certamente, quem ler até o final conhecerá um pouco de tudo o que passa pela minha cabeça louca de criança que pede colo... Especialmente nesses dias em que chove... Dentro, ou fora de mim!

Abraços






A Tempestade


A tempestade às vezes começa antes dos pingos de chuva, e a gente mal consegue prever a sua intensidade. Um dia de tempestade é mais do que simplesmente um dia de chuva forte, são todas as reviravoltas e tormentas que penetram um ser, desde muito antes dos pingos começarem a cair. Talvez, desde antes do tempo se fechar.

Qual é mesmo a hora em que se inicia o novo dia? Meia-noite? Uma hora? Acordada... Pensando... Pensando... E sem conseguir parar de pensar. A chuva ainda não tinha começado, mas algo em mim previa sua vinda. Às quatro da manhã, acordada... Por que exatamente não se conseguia dormir? Não era a temperatura, exceto a que fervia meu peito em desespero. Também não era a cama que me fazia movimentar como se serpentes inquietas dormissem a meu lado. Talvez o fato de minhas estrelas terem se apagado, pois o teto já não brilhava mais. Onde mesmo estaria o brilho?

Já não me lembro quando exatamente despertei de minha inércia, mas eu já não estava mais desperta nela. Não havia ouvido o tilintar que me acordava todas as manhãs. Olhei o relógio: estava atrasada! Meus olhos se fecharam incrédulos. A gente sempre se atrasa nos piores dias pra se atrasar. Os sons que eu ouvia acentuavam levemente minha melancolia, e a vontade era unicamente de estar ali, na cama, escondida por entre travesseiros e lençóis. Era um dia difícil, e ele tinha acabado de nascer. Não como os pequeninos que são esperados por nove meses, mas como o desespero que surge sem que possamos adiar ou cancelar.

Roupas postas, compostas no descomposto ser. A face não vestia sorrisos nem indícios de uma leve coragem, apenas a austeridade de quem não levaria desaforos. Os desaforos foram tantos... Os pingos de chuva molhavam sem piedade, mas, dessa vez, não lavavam a alma. “No meio do caminho tinha uma pedra”... Era um enorme navio de ferro que andava sobre trilhos, e não águas. A hesitação em pedir socorro era imensa. Nenhum socorro é totalmente eficaz, nem, tampouco, gratuito. Decidi pelo pedido de socorro ao telefone. Logo após o constrangimento de estar em apuros, feito um pintinho molhado que perdeu-se das asas de sua mãe, o enorme navio desapareceu, como que por magia, para confundir ainda mais meus instintos de paciência e sobrevivência.

A caminhada na chuva parecia de mil léguas. A vontade era de desistir, deixar tudo pelo chão e sentir a água escorrendo pelo meu corpo aflito, com os olhos cerrados, sem ver que o mundo ainda estava lá. Persisti com meus passos desajeitados. Chegando sempre com um segundo de atraso. Perdi a condução e quase a compostura. Ah... Se Deus não tivesse tido piedade de mim em um instante, não sei o que faria.
Os ventos gélidos batiam em meu rosto como tapas pesados e agressivos. Sentia a dor e a vontade de permitir que a chuva passasse a nascer em meus olhos e não apenas nas nuvens. Respirar... Expirar... Impedir que a ignescência assassinasse minha essência.

Olhos hostis me seguiam e me abandonavam. Eu nunca esperei por algum tipo de salvação! Palavras noticiavam mais temporais... Que a tempestade iria aumentar. Já tive dias difíceis. E a solidão sempre me acompanhou bem. Era só mais um dia ruim... Eu sabia que seria um dia ruim... Só não sabia que a tempestade seria tão intensa e tão voraz. Embora a chuva cessasse e meu peito guardasse os seus resquícios, eu sabia o que seria... “A solidão é uma velha amiga”!

(Laís Mendes, 05 de novembro de 2007)

7 comentários:

Mariana Duarte disse...

Belo texto! Sempre!

Acho que a tempestade na verdade, nunca passa.....talvez ela apenas dê uma trégua as vezes, mas sempre volta, em vário dias, vários momentos...

A vida é assim feita de tempestades, calmarias....e a gente vive, aprende!

Bjos

Jader Rubini disse...

"Rain it wets muddy roads
I find myself exposed
Tapping doors, but irritate
In search of destination
Harder now with higher speed
Washing in on top of me
So I look to my eskimo friend
When I'm down, down, down."


Não sei porquê, mas seu texto me fez lembrar dessa música (Eskimo - Damien Rice).

Laís Mendes disse...

Pois é.... tempestades... calmarias...
Há pessoas que vivem em extremos. Acho que eu sou dessas!

Que legal... O Jáder gosta de Damien Rice.... rs
Adoooooooro!
Essa música eu ñ conheço ainda, mas irei procurar!

Bjinhos

Rodolfo disse...

Quando brilho não mais houver e todo o ardor se apagar, olha te no espelho, que em seus olhos o ardor, capaz de todo brilho recuperar, lá adormecido estará.

Como tudo oque vem de você o texto está perfeito, mas deixe que venham as tempestades, pois nelas nos fortalecemos e crescemos....

Lie is a truth telled by someone you trust.

Jader Rubini disse...

O Jáder não, o Jader. :)

Música linda...

Laís Mendes disse...

Comentário mais lindo do Dylon gente...
Que fofo!
Isso td foi pq eu fiquei com ciúmes ou pq a inspiração demorou mas veio com td? rsrsrs

Desculpe amigo "JADER"... rsrs
É a força do hábito de tacar acentos e pontos em td! rs
Vou baixar a música ainda!

Bjinhos amigos

Alana disse...

Hey moxaaaaa..
bem que tu falou..
textos imensos..
mas tem conteudo.
Agradeveis aos olhos.
adorei!!
lindo o Blog!