A Despedida

Ela entrou em uma de suas confusões típicas. Era um dia de pouco sol e ameaça de chuva. O frio impacientava-lhe ainda mais o coração.
Ele chegou, assim, como em todos os dias. Era o motivo das preocupações mais recentes dela e mal sabia. Chegou, meio sem saber, mas desconfiado.
- Oi!
- Oi!
- Como você está?
Ela tinha medo dessa pergunta, e não sabia o que responder. Desviou o olhar e respondeu assim mesmo.
- Bem... E você?
- Ta tudo bem também!
Ele estava tranqüilo, mas desconfiado. Conhecia os olhares dela, conhecia-lhe as palavras.
- Há algo de errado?
- Não! Nada! Por quê? Há algo de errado?
Ela apressou-se em dizer respostas e perguntas sem sentido. Mostrou-se incomodada. Ele sabia que ela diria.
- Eu estava pensando...
- Sabia que havia algo!
- Acho que eu devia ir embora...
- Ir embora?
- É...
- Não vá!
- Talvez...
- Não!
Ele sentia medo de perdê-la, mas ela queria ir. Ela sabia que não queria na verdade, mas precisava. Ele queria fazê-la ficar, mas não sabia como. Ela não queria deixá-lo, não sabia viver sem ele. Como seriam separados? Ele tentou dizer algo.
- Eu...
Ela o impediu de falar.
- Não digas!
Ele insistiu apesar de tudo.
- Preciso!
Ela o impediu novamente.
- Não! Eu sei!
- Sabes que eu...
- Eu também!
- Então não vás!
- Faço-te mal!
- Não! Fiques!
- Não posso!
Ele não podia conter, precisava falar.
- Eu...
- Não digas!
- Vai ser assim?
- Precisa!
- Então...
- Adeus!
Ela beijou-lhe suavemente os lábios. Um beijo pueril, mas cheio de sentimentos. Beijou-lhe e se foi.


(Laís Mendes, 10 de novembro de 2005, 24:00hs)